terça-feira, 14 de junho de 2011

24h de Le Mans - Audi vence com sua tecnologia ultra-leve


por VITOR RIBEIRO http://www.lemansportugal.com/

Num dos mais dramáticos e emocionantes finais da história das 24 Horas de Le Mans, que manteve em suspenso os cerca de 250.000 espectadores presentes no circuito e milhões por todo o mundo 'presos' à TV, a tecnologia ultra-leve da Audi permitiu a Marcel Fässler (CHE), André Lotterer (DEU) e Benoit Tréluyer (FRA), ao volante do inovador Audi R18 TDI, dar à marca dos quatro anéis a décima vitória na prova.
Uma vitória que permite ainda a Benoit Tréluyer juntar o seu nome aos de Henri Pescarolo, Jacky Ickx, Michele Alboreto e Tom Kristensen, na restrita lista de pilotos que venceram as 24 Horas de Le Mans a partir da pole position. Para o piloto francês, natural de Alençon, uma pequena cidade que dista apenas 50 km de Le Mans, esta foi também a primeira vitória 'em casa', tal como foi a primeira vitória na prova para os seus colegas de equipa no R18 #2 Marcel Fässler e Andre Lotterer. Com um histórico de dez vitórias, a Audi ocupa agora o segundo lugar do ranking no livro de honra da clássica francesa.

O drama desta 79ª ediçãoda mais famosa corrida de resistência automóvel do mundo dificilmente poderia ser superado. Após ter perdido dois dos seus R18 TDI logo no primeiro terço da corrida devido a acidentes, todas as esperanças da Audi se concentraram no #2 que havia assegurado a pole position na qualificação. Durante 16 horas, Fässler, Lotterer e Tréluyer ficaram sozinhos na batalha, que não deixou pedra sobre pedra, contra os três carros oficiais da Peugeot até á vitória final.


Com aquele que demonstrou ser, claramente, o carro mais rápido em pista, Andre Lotterer ainda conseguiu fazer a volta mais rápida da prova ao fazer na 229ª volta um tempo de 3m 25.289s, batendo o tempo da qualificação. Para além disso, a fiabilidade do R18 TDI evitou ainda qualquer paragem não programada, tendo apenas um problema no tanque de combustível causado algumas dores de cabeça ao diretor da Audi Motorsport, Dr. Wolfgang Ullrich e ao director técnico da Audi Sport Team Joest, Ralf Jüttner, impedindo o aproveitamento integral da capacidade total de 65 litros. Esse pequeno problema obrigou Andre Lotterer a forçar ao máximo o andamento na parte final da prova - em condições traiçoeiras, já que os chuviscos que caíram tornaram a pista bastante escorregadia - a fim de ganhar vantagem suficiente para lhe permitir uma paragem adicional.

"Foi um fantástico triunfo da tecnologia de ultra-leve da Audi em condições extremas", comentou Rupert Stadler, presidente do Conselho de Administração da AUDI AG, que assistiu à emocionante corrida a partir das boxes. "Depois de no ano passado termos comemorado uma vitória recorde, principalmente graças à fiabilidade e eficiência, este ano não só tivemos carro mais fiável, como também mais rápido." E, acrescentou Michael Dick, membro da Direcção para o Desenvolvimento, "ao mesmo tempo, mesmo que involuntariamente, demonstramos que os nossos engenheiros são capazes de conceber carros muito seguros."

De facto, Allan McNish e Mike Rockenfeller saíram ilesos de acidentes extremamente graves no primeiro terço da corrida, tendo ambos sido capazes de sair pelo seu pé dos destroços dos seus R18, facto ainda mais impressionante no caso do jovem piloto alemão que bateu de frente nos rails a 270 km/h, beneficiando da grande capacidade resistência ao impacto da monocoque de fibra de carbono desenvolvida e produzida pela Audi e dos dispositivos de segurança passiva incorporados. Mike Rockenfeller, vencedor da prova em 2010, teve de passar a noite no hospital, como medida de precaução, mas acabaria por receber alta durante a manhã de domingo.

"Os níveis de segurança da Audi são implesmente incríveis e salvaram-me vida", reconheceu Mike Rockenfeller. "Eu nunca tive o um acidente assim na minha carreira e espero nunca voltar a passar por essa experiência." Allan McNish comentou de forma similar: "Quero agradecer aos designers da Audi por terem desenvolvido um carro do qual se pode sair ileso de um acidente tão grave como estes."

Ao conquistar a sua 10ª vitória em 13 anos, a Audi acrescentou ainda mais um capítulo impressionante à sua história de sucesso na clássica prova. Depois do primeiro sucesso de um motor TFSI, em 2001, do primeiro triunfo de um diesel, em 2006, e das primeiras experiências com turbinas de geometria variável, VTG, no ano passado, a Audi venceu novamente com Inovação Tecnológica. "A "Audi ultra technology" passou um difícil teste este fim-de-semana", disse o Director de Competição Dr. Wolfgang Ullrich, após o final da prova. "Sempre que se buscam novos caminhos, corre-se um risco. Mas este risco foi absolutamente recompensado. O R18 Audi TDI estava numa classe à parte em Le Mans, este ano. Especialmente devido aos dois graves acidentes, a corrida deste ano foi para nós muito mais difícil, em termos emocionais. Que nossa equipa tenha conseguido manter a concorrência à distância ao longo de 16 horas com apenas um carro é quase inacreditável. Todos na Audi podem estar orgulhosos deste triunfo. No entanto, a notícia de que o Allan (McNish) e o Mike (Rockenfeller) tenham saíram tão bem destes terríveis acidentes é pelo menos tão importante como a da décima vitória da Audi."

O que eles disseram no final da corrida...

Dr. Wolfgang Ullrich (Director da Audi Motorsport): "Esta foi sem dúvida a mais difícil corrida que já fizemos em Le Mans - mas no final, com o resultado mais doce que já tivemos.Recuperamos de uma situação difícil e conseguimos derrotar - embora por escassa margem - os nossos realmente fortes adversários da Peugeot. Ao fim de oito horas, tínhamos perdido já dois dos nossos três carros, e sabíamos que a corrida seria extremamente difícil com um carro apenas. Mas toda a equipa deu tudo o que tinha para fazer o melhor com este carro. E claro, o pilotos tiveram de o conduzir e fizeram um trabalho realmente fantástico, embora fossem a equipa com menos experiência em Le Mans. E é também muito importante que o Allan (McNish) e o Mike (Rockenfeller) tenham saído ilesos daqueles dois acidentes tão graves."

Marcel Fässler (Audi R18 TDI # 2): "Este dia foi tremendo. As últimas seis horas foram incríveis, parecia que não passavam. Quando eu olhava para o relógio ficava a pensar se ele não teria parado. Cheguei a dizer para mim próprio: o relógio deve ter parado, já devia ter passado muito mais tempo. Tentei refugiar-me em algum lugar onde não ouvisse quaisquer comentadores, mas era simplesmente impossível. Podia ver o sonho a aproximar-se cada vez mais. E depois houve ainda momentos em que tudo se tornava cada vez mais difícil, como a situação do furo lento, pouco antes do final, quando o André (Lotterer) estava a conduzir. E então você começa a tremer de novo: será que o sonho se vai mesmo realizar? E realizou-se. É realmente fantástico. Trabalhamos muito durante todo este inverno. Le Mans é a corrida mais importante. Estou particularmente feliz por ser o primeiro suíço a vencê-la."

Andre Lotterer (Audi R18 TDI # 2): "Foi uma corrida muito intensa. Puxei como louco desde o primeiro ao último segundo. Não senti tédio no carro, dei tudo o que era possível. de qualquer forma, não tinha escolha. No final, deu certo. Estou simplesmente feliz por termos conseguido, todos juntos. Todos os mecânicos e toda a gente trabalhou imenso para preparar o carro. Esta é uma grande recompensa para muitas horas extra. Devido aos dois acidentes de ontem, foi um dia difícil para a Audi Sport. Também estou muito feliz por o Allan (McNish) e o Rocky estarem bem, pelo que, apesar de os acidentes, temos um motivo de alegria."

Benoit Treluyer (Audi R18 TDI # 2): "Ganhamos uma corrida incrível. Uma sensação fantástica! Foi claramente uma vitória da equipa. Nós só conduzimos. O principal trabalho esteve na preparação do carro. Sem um carro rápido e fiável como este Audi, a vitória numa corrida de 24 horas não teria sido possível. Gostaria de mencionar também o Marco (Bonanomi), que nos ajudou muito. A vitória pertence a toda a equipa que hoje aqui está reunida. É como no futebol: se falta uma pessoa, você não pode vencer. É particularmente agradável que ter andado na mesma escola de pilotagem, aqui em Le Mans, com o Marcel (Fässler) e o Sebastien (Bourdais), o que torna a presença esta presença no pódio, com eles, ainda mais saborosa."


Mike Rockenfeller (Audi R18 TDI # 1): "Eu estava no meu quarto 'stint' - mais três voltas e tinha o tanque vazio. Depois da curva de Mulsanne, seguia na longa recta em direcção a Indy. Na segunda curva à direita, surge-me um GT à frente. Ele seguia do lado esquerdo e eu fiz-lhe sinais de luzes. Para mim, ficou claro que ele iria manter-se na esquerda, como o tinha feito na volta anterior. É uma zona da pista onde aproveitamos, com frequência, para ultrapassar. Mas quando eu já estava ao lado dele, a 300 km/h, ele calculou isso mal e, de repente, guinou para direita. Eu ainda tentei evitá-lo, indo por fora, pela relva. No entanto, ele deve ter -me mesmo assim tocado na traseira. E imediatamente, virei para a esquerda. Foi um acidente grave. Mas a coisa mais importante é que estou bem. Os níveis de segurança são simplesmente enormes e salvaram-me a vida. Eu nunca tive um acidente assim em toda a minha vida e espero nunca mais voltar a ter. Lamento imenso, pois tínhamos boas hipóteses de estar na luta pela vitória. Eu voltaria novamente a fazer o mesmo, porque eu acredito que não foi uma manobra arriscada. Foi um acto normal de ultrapassagem em linha recta. Há que, talvez, encontrar outra solução para os pilotos amadores. É simplesmente demasiado perigoso. Tive vários incidentes perigosos, durante os meus turnos, mas naquele momento em particular, infelizmente, o resultado não foi tão bom."

Allan McNish (R18 Audi TDI # 3): "Parabéns à Audi. Parabéns à equipa vencedora. Um resultado excelente. O Andre (Lotterer) conduziu de forma soberba, como também o fizeram o Marcel (Fässler) e o Ben (Tréluyer). As lágrimas no final apenas mostram a pressão a todos estiveram sujeitos ao longo de toda a corrida. Pelo que nos aconteceu, a mim e ao Rocky, há também um toque de tristeza, por não repetirmos o 1, 2, 3 do ano passado, mas mesmo assim foi um desempenho incrível. Quanto ao meu acidente, eu ten tentei passar um GT da Ferrari pelo interior. Mas assim que o passei, a primeira coisa de que me apercebi era a de ter entrado em pião e seguir em direcção às barreiras do lado esquerdo, pelo que imediatamente percebi de que ele tinha tocado na traseira esquerda do meu carro com a frente direita do dele - depois, eu era apenas um passageiro numa longa viagem. Foi um acidente muito grande.Devo um enorme agradecimento aos designers da Audi por terem produzido um carro capaz de resistir a tamanho impacto e permitir ao piloto abrir a porta e sair ileso."

Ralf Jüttner (Director Técnico da Audi Sport Team Joest): "Foi uma corrida completamente louca - não creio que alguma vez se tenha visto uma coisa assim antes. Talvez já tenha havido corridas em Le Mans com um resultado ainda mais próximo. Mas uma luta entre vários carros ao longo do período de 24 horas sempre dentro de apenas alguns segundos de diferença - acho que isso nunca aconteceu. Foi realmente uma corrida de nervos. Todos os que aqui estiveram apenas o vão perceber daqui por alguns dias. Depois de Spa, sentamo-nos todos juntos à mesa. Nem tudo estava a correr como planeado. Nessa altura, Jo Hausner desejou-nos uma corrida aqui, em que a Audi e a Peugeot se mantivessem dentro de uma diferença de poucos segundos uma da outra até o fim. E isso foi exactamente o que aconteceu - bem podia amaldiçoa-lo por isso... Foi uma grande vitória para a Audi - mas também para o Allan (McNish) e em particular para o Mike (Rockenfeller). Tivemos acidentes horríveis. Temos de agradecer à Audi pela construção de carros tão seguros."

Fonte: comunicados de imprensa da Audi Motorsport
IMAGEM: © AUDI MOTORSPORT

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