Assim como o autor desta postagem eu também um dia sonho em pilotar este carro, nem que seja so alguns metros.
Texto e fonte: http://blogmulsanne.blogspot.com/
Em 1974, o automobilismo brasileiro vivia uma nova fase. Com a proibição de bólidos de corrida importados e a introdução de um novo sistema de categorias de turismo, as competições automotivas no país sofreram uma revolução. Por bem ou por mal, foram-se os dias de Alfa Romeo GTA, Ford GT40, Lola T70 e afins...
O Ford Maverick foi lançado no mercado nacional exatamente um ano antes - momento oportuno anyone? Pelo conjunto equilibrado e relativamente robusto, tornou-se a escolha preferencial de muitas equipes grandes, como a Greco Competições e a Hollywood; seja em categorias de preparação limitada ou de elite.
Dentro deste novo cenário, o Maverick-Berta tornou-se parte integrante da história do nosso automobilismo, atingindo o status de lenda. Em pista, não haviam concorrentes capazes de manter o mesmo ritmo. Ele competia na Classe C da Divisão 3, Turismo Especial, destinada a automóveis com motores de deslocamento superior a 3000cc e preparação praticamente livre. Modificações na carroceria, pneus slick, alívio de peso, diga o que quiser! Tendo quatro rodas, valia tudo... quase uma Can-Am brasileira.
O Maverick-Berta foi um projeto idealizado pela Equipe Hollywood, e teve como principal preparador o argentino Oreste Berta, referência sul-americana na preparação e construção de bólidos de corrida – de monopostos a carros de turismo. A carroceria do Ford foi extensamente retrabalhada: spoiler e aerofólio, paralamas (bastante) alargados, dutos de admissão e ventilação, muita fibra de vidro e acrílico... a lista é gorda, o peso é magro.
E a usina sob o capô? O Ford V8 302, apesar de relativamente compacto, representava quase ¼ da massa do Maverick. Para baixar o centro de gravidade e distribuir melhor seu peso entre os eixos, o propulsor foi deslocado para baixo e recuado. Sua preparação envolveu técnicas, profissionais e produtos sofisticados, como os quatro carburadores Weber 48 IDA, instalados diretamente sobre os cabeçotes de alumínio Gurney-Weslake - os mesmos utilizados nos GT-40.
O comando de válvulas foi fabricado sob medida pelo próprio Berta, e segundo o mestre Luiz Pereira Bueno, permitia aproximadamente 440 cavalos a 6000 rotações por minuto e torque máximo de 58 kgfm. Nota-se que o regime é conservador, pois as provas eram longas, e manutenções frequentes também não estavam nos planos da Equipe Hollywood.
O Maverick-Berta correu por apenas dois anos; nas mãos de Tite Catapani em 74, e de Luiz Pereira Bueno no ano seguinte. Em seu breve currículo, conquistou provas de grande importância, como os 500 KM de Interlagos - com uma vantagem de oito voltas sobre o segundo colocado, a melhor delas em uma média de quase 200km/h (194,363). Antes que alguém desmaie de emoção, vale lembrar que essa corrida era disputada somente no anel externo de Interlagos...
"Senta lá atrás menino!!!!" Com prazer...
Nem tudo era perfeito, contudo. Comenta-se que o carro quebrava muito, e que seu comportamento dinâmico não era dos mais equilibrados - a bitola e pneus traseiros excessivamente largos talvez fossem os responsáveis por um insistente sub-esterço, característica das menos bacanas pra quem está atrás do volante e possui 440cv loucos para serem libertados.
Mas o que isso importa? Simplesmente não existe um fanático pelo automobilismo nacional que não sonhe em acelerar este carro. Sim, porque o Maverick-Berta ainda vive.
Atualmente, ele pertence ao acervo do colecionador Paulo Trevisan, e foi totalmente restaurado. No processo de trocas de donos ao longo das décadas, perdeu o mítico motor, que foi substituído por um 351 Windsor de Mustang. Não está a altura do original, mas faz bonito...
Propulsor atual do Maverick-Berta
...e eu sou um daqueles, que sonha em acelerar este carro.
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