domingo, 17 de julho de 2011

O COMBATE FORD VERSUS FERRARI (5)

por Mestre Joca http://mestrejoca.blogspot.com

Nasce o Ford GT-40

A fracassada tentativa de compra da Ferrari pela Ford e a bem orquestrada campanha antiianque feita na Europa mexeu com os brios dos americanos. E, a despeito da melhoria considerável dos Shelby Cobra Daytona na temporada de 1964, ficava cada vez mais claro ser impossível vencer em Le Mans com um carro GT. EStava declarada a guerra contra a Ferrari e a Ford tinha que fabricar um carro suficientemente veloz e confiável que levasse a cabo a missão.

Desde meados de 1963 a Ford já tinha dado início à construção de um protótipo com motor de alta cilindrada, mas os testes com o Mustang 1 se mostraram infrutíferos. A saída, novamente, foi voltar os olhos para os fabricantes europeus, mas desta vez os pequenos construtores conhecidos como "garagistas". E entre eles, destacavam-se a Cooper, a Lotus e a Lola Cars.

A Cooper foi logo descartada pois seus resultados nas corridas de Fórmula Um já mostravam um descenso e não tinha experiência em carros para corridas de longa duração. Já a Lotus mantinha um parceria com a Ford para as 500 Milhas de Indianápolis e os executivos da Ford duvidavam que o fabricante inglês estivesse à altura da tarefa. E o mesmo deve ter pensado Colin Chapman pois pediu muito caro pela sua participação e ainda exigiu que o carro - que mais tarde se chamaria de Lotus Europa - fosse chamado de Lotus-Ford.

Restou a Lola Cars. Eric Broadley vinha obtendo bastante sucesso nas pistas européias com seus monopostos e protótipos "underdogs". Seu Lola Mk6 GT já usava um motor V8 Ford entre eixos e fizera bastante sucesso nas 24 Horas de Le Mans de 1963, embora o carro não tenha chegado ao final. Suas soluções de chassi monocoque de alumínio, refrigeração e suspensões representavam o estado da arte daquela época para carros sport-protótipos.

Eric Broadley (esq.) mostra o Lola MK6 Gt a John Wyer (1963)

Um contrato de um ano foi apresentado para Eric Broadley para o desenvolvimento do protótipo, sem envolver diretamente a Lola Cars e mais dois Lola MK6 GT vieram no pacote. Mas as ambições da Ford iam mais longe. Contrataram John Wyer, ex-chefe de equipe da Aston Martin que juntar-se iam ao engenheiro americano Roy Lunn, que até ali vinha tocando secretamente o projeto que mais tarde viria a ser o Ford GT-40.

A equipe começou a trabalhar nas instalações da própria Lola Cars em Bromley, mas no final de 1963 já haviam mudado para um local mais amplo em Slough e fundado a FAV- Ford Advanced
Vehicles, responsável por todo o projeto e fabricação dos carros e que ficaria a cargo de John Wyer.

Mas logo ficaram claras as divergências entre as idéias de Eric Broadley e Roy Lunn. O inglês advogava o uso intensivo do alumínio e fibras compostas no chassi e carroceria, enquanto Lunn apostava no uso do aço convencional, uma vez que havia a pretensão de fabricar o carro industrialmente. As discussões se tornaram tão frequentes que em pouco tempo os dois engenheiros não mais se falavam.

Apesar do aparato na Inglaterra, o projeto do futuro GT-40 não era um esforço solitário da equipe de Slough. Um batalhão de engenheiros trabalhava a pleno nos computadores desenhando os mínimos detalhes, de acordo com a orientação de Lunn e Broadley. A Universidade de Maryland fora contratada para desenhar a carroceria dentro dos mais modernos princípios da aerodinâmica até ali conhecidos. Já John Wyer usava todo seu conhecimento e influência para trazer para a equipe pilotos do naipe de Roy Salvadori, Phil Hill e Jo Schlesser.

Ford GT-40 na sua primeira versão.

No início de 1964, a primeira versão do Protótipo Ford GT é apresentada, após 76 horas de teste em túnel de vento. A frente e a traseira são derivadas do Mustang 1 e o centro do carro é nitidamente inspirado no Lola Mk6 GT, assim como suas suspensões e sistema de refrigeração. O motor é um Ford V8 4.2 litros, derivado do Fairlane e utilizado na Stock car americana..

A estréia do carro estava prevista para as 12 Horas de Sebring mas o carro não estava pronto. Houve atraso na entrega da caixa de câmbio ZF, tendo Roy Lunn optado por uma Colotti. Somente em 1o. de abril e a meras duas semanas dos treinos para Le Mans, as duas primeiras unidades ficaram prontas. Às pressas, foram embarcados de Londres para Nova Iorque para uma série de fotos publicitárias e para exibição no Automobile Show.

Até ali, os carros não haviam rodado uma milha sequer de testes e John Wyer teve que aguardar a volta dos protótipos dos EUA para um breve teste em Silverstone. Faltavam somente dez dias para os testes de Abril para Le Mans e os prtoótipos Ford GT não eram mais que uma incógnita. E essas eram as armas da Ford para combater a Ferrari.

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