A Ford tenta comprar a Ferrari.
Em 1963, enquanto os Shelby Cobra tentavam inutilmente bater as Ferrari na pista pelo Campeonato Mundial de Construtores de Carros GT, Lee Iacocca chegava à conclusão que para atingir seus objetivos tinha que partir para uma ação mais ousada. E a saída engendrada foi comprar a Ferrari, a única fábrica européia de carros esporte e de competição que reunia todos os requisitos exigidos pela Ford: nome, prestígio, tecnologia e experiência nas pistas de corrida.
Em 1964, logo após a derrota dos Shelby Cobra em Sebring, Henry Ford abordou Enzo Ferrari com uma proposta aparentemente tentadora: uma fusão das duas empresas, dando margem a duas companhias. Uma, a Ford-Ferrari, com o gigante americano como sócio majoritário e que se incumbiria da venda de todos os carros esporte e GT de alto luxo que a fábrica italiana já produzia. Outra, a Ferrari-Ford, tendo Enzo Ferrari como sócio maior, cuidaria da construção, desenvolvimento e todas as atividades relativas às competições.
Ora, era fato sabido que o interesse maior de Enzo Ferrari sempre fora as competições automobilísticas e a produção de carros esporte de alto desempenho apenas servia como financiador das atividades desportivas da fábrica. Eram também públicos e notórios o desprezo e a indiferença com que o Commendatore tratava os seus ricos clientes no mundo inteiro.
Por outro lado, a situação financeira da Ferrari, depois de anos de duro combate contra as nacionais Maserati e Alfa Romeo e as inglesas Aston Martin e Jaguar, não era lá das mais invejáveis. Um reforço de caixa seria mais do que bemvindo e Enzo Ferrari mostrou-se receptivo às negociações.
De acordo com a filosofia pragmática e o jeito americano de fazer negócios, Henry Ford despachou para a Itália Donald Frey, gerente geral de divisão Ford, acompanhado de um especialista em avaliação de bens, um expert em processos industriais e dois advogados. E alguns meses mais tarde quando a Ford americana anunciou a oferta de apenas 10 milhões de dólares (em valor da época), a indignação foi geral em toda a impresna européia.
Os americanos erraram e feio ao tratar a compra da Ferrari como apenas mais uma companhia. Apesar dos sérios problemas financeiros, a Ferrari era considerada, antes de tudo, como um símbolo e patrimônio nacionais da Itália, um orgulho da nação. E não tardou muito para que uma grande campanha fosse lançada nos jornais e revistas européias, tratando a intervenção americana como uma tentativa de colonização do imperialismo ianque sobre uma fábrica européia.
Há quem afirme que, mesmo interessado nesta fusão, o ardiloso Commendatore Enzo Ferrari tenha orquestrado à distância esta campanha na imprensa a fim de aumentar a oferta final, mas que acabou envolvendo todos os grandes políticos da Itália, empresários do porte dos irmãos Agnelli (Fiat) e, dizem, até uma intervenção do Papa, a fim de que a Ferrari não fosse vendida aos americanos.
Em vista da recusa da Ferrari e da má repercussão de sua investida na Europa, a Ford voltou atrás na sua proposta e resolveu lutar por seus próprios meios. Para uma imprensa passional e emotiva como a italiana, o gigante americano havia declarado guerra à pobre e indefesa Ferrari. Para Enzo Ferrari, depois de todos este bochicho, não restou muita alternativa: estava aceito o desafio.
E, a partir daí, as corridas nunca mais foram as mesmas...
Em vista da recusa da Ferrari e da má repercussão de sua investida na Europa, a Ford voltou atrás na sua proposta e resolveu lutar por seus próprios meios. Para uma imprensa passional e emotiva como a italiana, o gigante americano havia declarado guerra à pobre e indefesa Ferrari. Para Enzo Ferrari, depois de todos este bochicho, não restou muita alternativa: estava aceito o desafio.
E, a partir daí, as corridas nunca mais foram as mesmas...
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