domingo, 3 de julho de 2011

O COMBATE FORD VERSUS FERRARI (3)

por Mestre Joca http://mestrejoca.blogspot.com/

Os planos de Lee Iacocca e da Ford eram ambiciosos naquele inicio de 1963. Queriam mudar a qualquer custo a imagem da montadora americana para algo mais esportivo e jovial, aproveitando a nova onda e o imenso segmento de mercado que despontava no horizonte. Na visão de Iacocca, as competições automobilísticas seriam o cenário mais adequado. Vencer corridas com motores oriundos de carros de linha, como vinha fazendo já há algum tempo a arqui rival General Motors no território americano..

Mas isso exigia uma estratégia mais ampla, além dos limites dos EUA. E, naquele tempo, isso representava a Europa, as corridas internacionais e, para bons entendedores, vencer em Le Mans. O grande problema é que, com exceção dos motores V8 derivados do modelo Fairlane e utilizados na Stock Car e Indianápolis, a Ford não tinha engenharia nem know how para encarar um projeto de tal envergadura.

Além do mais, havia dois outros complicadores. O primeiro deles era a completa inexperiência dos americanos em corridas de longa duração, tipo 24 Horas de Le Mans. Com exceção das 12 Horas de Sebring, a maioria das corridas em terras do Tio Sam limitava-se a ovais - que não permitiam nem corridas sob chuva, por exemplo - e Daytona ainda era apenas uma corrida em de três horas, usando seu acanhado circuito misto.

A segunda era o AMA Treaty, datado de 1957, onde os fabricantes americanos se comprometiam a não envolver-se oficialmente com corridas de automóveis. Mas neste segundo quesito, Lee Iacocca entendia que a GM já havia violado o acordo e criado uma jurisprudência no assunto ao apoiar discretamente algumas equipes como a de Jim Hall, Augie Pabst ou John Macon.

Ainda em 1962, a Ford havia investido no desenvolvimento de um projeto nomeadoMustang Project (não confundir com o Ford Mustang, que veio depois...) com o objetivo de tanto vencer em Le Mans, como ser lançado como carro esportivono mercado mundial.


Um protótipo fora construido em apenas 100 dias, sob o comando do engenheiro inglês Roy Lunn, com motor central e carroceria de aluminio, equipado com um motor V4 de 1500 cc e 109 HP. Este carro, designado como Mustang 1, teve o desenvolvimento inicial feito por Dan Gurney e nos primeiros testes apresentou um desempenho até convincente, mas não o bastante para os planos de Iacocca.

Assim, cada vez tornava-se mais claro que se a Ford realmente pretendia algo a sério no mundo das corridas internacionais, era necessário acelerar o processo de aquisição de experiência, cérebros e fábricas. Neste meio tempo, o piloto texano Carrol Shelby encontrava-se em estreita colaboração com AC Cars a fim de tornar competitivo o sport car da firma inglesa, usando motores da Ford americana. Shelby tinha uma antiga rixa pessoal com Enzo Ferrari e devotava um ódio mortal aos carros vermelhinhos de Maranello (veja aqui).

A primeira manobra de Lee Iacocca foi apoiar Carrol Shelby e seu projeto Shelby-Cobra como combatente direto das Ferrari 250 GTO e marcar presença da marca Ford nas pistas européias, enquanto desenvolvia um protótipo mais adequado aos planos globais do gigante americano. Mas com o fracasso retumbante dos Shelby Cobra na disputa do Campeonato Mundial de Fabricantes de Carros GT, Iacocca teve que rever seus planos.

E ele resolveu jogar uma cartada mais alta.

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