Miguel Pais do Amaral, grande responsável pela presença de uma equipa portuguesa, a Quifel ASM Team, no Le Mans Series, era, no final dos 1000 Km do Algarve, uma homem visivelmente feliz, depois de ter estado ao seu melhor nível na prova portuguesa integrada naquele campeonato, contribuindo com uma condução segura, consistente e sem erros para o sucesso que Olivier Pla começou, desde cedo, a construir de forma rápida e brilhante.Culminar de um fim-de-semana (quase) perfeito, a vitória na prova portuguesa, a primeira da época depois do azar ter obstado a melhores resultados em Barcelona e Spa, para além do sabor especial de ter sido conquistada ‘em casa’, representou ainda o ascender à liderança do campeonato, com uma vantagem razoável, assim como uma grande injecção de optimismo e confiança para as duas últimas provas do campeonato.“Finalmente!, rejubilou o gentleman-driver português. “Já tínhamos, por duas vezes, estado perto da vitória, mas desta vez foi mesmo e, obviamente, com um sabor especial, por ter sido em Portugal! O carro portou-se muito bem… até à última volta! Na última volta partiu a suspensão, mas desta vez tínhamos de ter alguma sorte, da mesma forma que tivemos azar das duas vezes anteriores, e correu tudo o melhor possível! Agora estamos à frente do campeonato e ganhamos um bom avanço, pois das duas equipas que estavam empatadas connosco, uma ficou em quarto e a outra ficou em quinto. Portanto, temos um bom avanço e agora trata-se de acabar as próximas corridas e fazê-lo no pódio”.
Não se pense contudo que a equipa portuguesa irá agora jogar defensivamente, numa estratégia de contenção, visando unicamente assegurar a vitória no campeonato e o consequente convite para as 24 Horas de Le Mans 2010, pois confiantes no imenso potencial do Ginetta-Zytek, bem demonstrado em Portimão, Pla e Amaral não deixarão os seus créditos por mãos alheias e continuarão a visar a vitória em cada prova, como nos afirmou, peremptoriamente Miguel Amaral: “Contenção? Não! Nós temos carro para ganhar! Podemos é ser um pouco mais cautelosos… Quanto ao convite para le Mans, isso já está mais ou menos adquirido… Obviamente, seremos convidados automaticamente se ganharmos o campeonato. Mas o objectivo, mesmo, é ganhar o campeonato!”
Uma questão que anteriormente já havia sido falada, quando a equipa decidiu substituir o ‘velho’ Lola B05/40, foi o eventual ’salto’ para a categoria rainha, a LMP1. Se esse passo acabou por ser considerado, na altura, prematuro e colocado de parte, ele revelar-se-á mais vantajoso em 2011, com entrada em vigor dos novos regulamentos, face aos custos associados à adaptação dos actuais LMP2 aos motores de produção corrente (provenientes dos GTs), pelo que, sem rodeios, Miguel Amaral revelou-nos ter a equipa já os olhos postos nessa possibilidade: “Isso será daqui a dois anos. Daqui a dois anos, os LMP2 passam a ter motores de produção e o nosso carro passa a ser um LMP1 - portanto, nessa altura passaremos para a LMP1!”
Quando questionado sobre a possibilidade da ASM fazer melhor trabalho que aquele que a Strakka Racing tem feito com a versão LMP1 do Ginetta-Zytec 09s, Amaral assumiu ainda uma enorme confiança no trabalho da equipa - “Pode. Pode fazer muito melhor. Mas acho que daqui a dois anos veremos” - assim como na capacidade para lutar pelas primeiras posições, como acontece agora na LMP2: “Bom, mesmo agora já há algumas equipas na LMP2 só com pilotos profissionais! Há obviamente pilotos muito bons, na LMP1, mas também há muitos incidentes de corrida. Ser consistente, não ter problemas e acabar a corrida - e nesse aspecto tanto eu como o Olivier não temos tido problemas, a não ser mecânicos - é uma vantagem. E há pilotos profissionais que cometem disparates - como aconteceu com os Audi, ou Mücke, que fez um pião, o Senna também saiu… De facto, não cometer erros e ser consistente é uma vantagem, e depois… logo se vê!”
Já no que respeita à anunciada pretensão do ACO de criar, já no próximo ano ou em 2011, uma Taça Intercontinental ou, no prazo de cinco anos, um Campeonato Mundial, Amaral, questionado sobre a capacidade da ASM para participar a esse nível, não escondeu que esse seria, para a equipa portuguesa, uma ‘passo maior que a perna’: “De momento não! E oxalá isso não aconteça, porque para nós chegam cinco corridas na Europa. De outra forma seriam custos loucos. Eu prefiro assim”.
Recrutado no início de 2008 após um ’shoot out’ com a jovem promessa nacional Filipe Albuquerque e o também jovem brasileiro Xandinho Negrão, Olivier Pla tem sido um dos elementos mais preponderantes no êxito da equipa, contribuindo fortemente - com a sua rapidez, consistência, feedback técnico e envolvimento no trabalho da equipa - para os sucessos alcançados. Pla tem-se assim tornado, ao longo deste ano e meio, num dos melhores pilotos de endurance da actualidade, o que, certamente, acabará mais cedo ou mais tarde por fazer despertar o interesse de equipas com outros recursos e ambições. Nada que, para já, preocupe Miguel Amaral, confiante em que a excelente relação que se estabeleceu entre Pla e todos os elementos da Quifel ASM Team e o bom ambiente de trabalho que isso proporciona pesarão certamente na decisão que o jovem piloto francês um dia tenha de tomar: ” Julgo que sim, que ele se manterá connosco. Mas ele é de facto um dos melhores pilotos e se alguém lhe fizer um convite irrecusável… veremos. Ele para já está satisfeito em estar connosco - e está a ganhar corridas, o que é uma vantagem! Mas um dia ele quererá ganhar dinheiro e corridas, e não sei… Mas espero que sim, que continue connosco, porque estamos muito satisfeitos com o trabalho dele!”
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