quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Matéria: A TEMPORADA DE PROTÓTIPOS DE 1972

por Anderson Puiatti

Estava pelas andanças nos blogs e encontrei este tremendo texto no Saloma do Blog . É a respeito dos prototipos de 1972. Se você é fã de prototipos vai gostar dos tempos aureos dessas maquinas.

A TEMPORADA DE PROTÓTIPOS DE 1972
Joaquim Lopes Filho

Nota do blog: A coluna “Umas&Outras” andou meio fora do ar nestes últimos tempos devido a uma série de compromissos assumidos anteriormente pelo autor. Pedimos nossas desculpas aos nossos leitores.

A temporada de protótipos de 1972 pode ser facilmente classificada como atípica. A começar pela mudança do nome de Campeonato Mundial de Construtores para Mundial de Marcas, além da FIA estabelecer novas regras banindo das pistas os sports-cars de 5 litros em favor dos motores de 3.000 cc advindos da Fórmula Um. Ficavam assim de fora os legendários Porsches 917 e as Ferrari 512, cujos eletrizantes duelos nas pistas nos dois anos anteriores agora pertenciam apenas aos anais da História.

Numa retrospectiva histórica, o ano de 1970 representou o ápice da “Era de Ouro” dos sport-protótipos, onde a luta entre Porsche e Ferrari coroava uma época inaugurada em 1964, quando se iniciou o famoso combate Ford versus Ferrari, que deixou como legado criações imortais como os Ford GT-40, Lola T-70, Ferrari 330/440, Alfa Romeo P-33, Matra 650/670, Ford F3L,culminando com as Ferrari 512S e os Porsches 917K.

Em 1971, o domínio fora todo da Porsche com seus 917K dominando praticamente todo o campeonato, com exceção de três etapas perdidas para a Alfa T-33/3 (- 1000Km de Brands Hatch, Targa Florio e Seis Horas de Watkins Glen – enquanto a Ferrari se retirava oficialmente, deixando a Casa de Maranello ser defendida apenas por equipes privadas na sua modificada versão 512M, sem muitas chances frente aos times oficiais da Porsche e Autodelta.
Avisados com antecedência da retirada dos potentes motores de cinco litros em benefício dos de 3.000 cc ainda no final de 1971, a Porsche decide não mais participar oficialmente da temporada de 1972. Inicialmente por não ter um motor competitivo na faixa de 3 litros e depois por que os pesados investimentos bancados pela VW –co-parceira e principal financiadora do projeto 917 – exigiam o desenvolvimento de novos motores que não os boxer refrigerado a ar, como os dos modelos 917 e 908.

Já na Ferrari a situação era diferente: envolvida seriamente no programa de Fórmula Um, a casa italiana estava plenamente apta a utilizar um novo motor 12 cilindros boxer de 3 litros, debitando 460 HP a 10.800 rpm, instalado num levíssimo chassi derivado do 312 de F-Um e renomeado Ferrari 312PB. Seu único sério oponente poderia ser a Matra Sports mas esta firmemente empenhada em vencer em Le Mans se recusava a participar das demais etapas do campeonato.

Assim, com a Porsche e Matra como cartas fora do baralho sobrou para a Alfa Romeo/Autodelta se apresentar como o mais forte adversário dos carros de Maranello. Abandonando o chassi monocoque utilizado na temporada anterior, a Autodelta apostava num novo chassi tubular (telaio tubulare) e num novo motor flat-12 de 3 litros mas como este nunca ficou pronto, teve que se contentar com o velho V-8 de 3000 cc de 440 Hp a 9.800 rpm. Seis carros foram montados para disputar toda a temporada.

Com a retirada da Porsche das pistas, o multi vencedor John Wyer se sentiu confortável para continuar o desenvolvimento de seu projeto Mirage, com apoio pleno da Ford, utilizando motores Cosworth. Mas como os carros estavam ainda em desenvolvimento, nunca foi um sério concorrente no correr da temporada, tendo participado somente de seis das onze etapas.
Outro carro que poderia oferecer alguma resistência era a Lola T-280 Cosworth DFV de 3000 cc, projeto baseado no modelo T-212 e largamente bancado pelo milionário alemão e ex- piloto diletante da Casa Porsche, Karl Von Wendt. A equipe tinha à frente o talentoso sueco Joakin (Jô) Bonnier, veterano de Le Mans e campeão Europeu de Sport-Protótipos dois litros do ano anterior, 1971.

O restante eram alguns pouco competitivos Porsches 908/3 e 908/2 e carros de turismo ou GT, que não ofereciam perigo maior ou imediato. Mas com a ausência de seguros 8 Porsches 917K e 12 Ferraris 512M oficiais banidos pelo regulamento, a saída foi complementar os grids com carros do então florescente Europeu de 2 Litros.
As Ferrari 312PB dominam o Mundial de Marcas de 1972. Acima, largada em Daytona...

Iniciado o campeonato o que se viu foi o massacre da Ferrari 312PB já nas três primeiras provas – Mil Km de Buenos Aires (Ronnie Peterson/Tim Schenken), na reduzida Seis Horas de Daytona (Jacky Ickx/Mario Andretti), 12 Horas de Sebring (novamente Ickx/Andretti), forçando a retirada da Equipe Alfa/Autodelta até a realização da Targa Florio.

O domínio da Casa de Maranello continua nos 1000 Km de Monza (Jacky Ickx/Clay Regazzoni), em Spa-Francorchamps (Brian Redman/Arturo Merzario e até numa improvável vitória na Targa Florio onde Arturo Merzario e Sandro Munari se impuseram frente a duas Alfas Romeo 33TT3, pilotadas respectivamente pelas duplas Helmut Marko/Nanni Galli e Andréa de Adamich/Toine Hezemans.

A Ferrari segue atropelando a fraca concorrência nos Mil Km de Nurburgring (Ronnie Peterson/Tim Schenken) e se dá o luxo de não aparecer em Le Mans por dois motivos: primeiro por já ter assegurado com sobras o título do Mundial de Marcas. Segundo, de acordo com alguns detratores, por receio que seus motores de 3 litros não agüentarem o ritmo das 24 Horas tendo em vista que a francesa Matra, sua principal rival, se preparara cuidadosamente ao longo do ano somente para esta prova.
Matra finalmente vence as 24 horas de Le Mans

O resultado de Le Mans foi o esperado. A Matra finalmente vence a grande corrida com as duplas Henri Pescarolo/Grahan Hill e François Cevert/Howden Ganley assegurando as duas primeiras posições, ao volante dos Matra Simca 670. A corrida seguinte, 1000 Km da Áustria, segue o antigo roteiro com a Ferrari ocupando os quatro primeiros lugares na ausência das Alfas 33TT3 (Jackie Ickx/Brian Redman, Helmut Marko/Carlos Pace, Ronnie Peterson/Tim Schenken e Arturo Merzario/Sandro Munari).

Porsche 908/2 brasileiro e a Ferrari 312PB de Carlos Pace

A destacar nesta corrida a primeira participação de José Carlos Pace a bordo de uma Ferrari e a presença da equipe brasileira Hollywood que participou com a dupla Luisinho Pereira Bueno/Tite Catapani em seu Porsche 908/2.
O Mundial de Marcas termina nas Seis Horas de Watkins Glen com mais um show Ferrari, agora da dupla Mário Andretti/Jacky Ickx, tendo a Ferrari alcançado 160 pontos no campeonato frente a apenas 85 da rival Alfa Romeo, o que atesta a evidente superioridade das 312PB, num ano de pouca concorrência se não fosse a insistência da Matra Sports em apenas disputar Le Mans. A temporada seguinte, 1973, marcaria o último grande duelo da Grande Era dos Sport Protótipos. Mas isto fica para outra coluna...

Mestre Joca, ex-comissário desportivo da FIA, foi fundador, presidente e diretor técnico de kart clube, rali, arrancada, dirigente de federação de automobilismo e comandante do Blog do Mestre Joca. Titular da coluna “Umas&Outras”, regularmente neste espaço.
(reprodução)


Texto/Fotos e Fonte: http://www.interney.net/blogs/saloma/

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