por Hugo Ribeiro www.lemansportugal.com
Em entrevista à revista francesa Auto Hebdo, Olivier Quesnel, Director da Peugeot Sport pôs o dedo na ferida em relação à saída da Peugeot do Le Mans Series – atitude que, afirma, é para manter – sendo bem claro na sua opinião sobre que rumo que deve tomar a endurance: “Façam um campeonato do mundo de resistência”.
Embora não conheçamos a entrevista na sua totalidade, já que esta só foi publicada na integra na edição impressa, o excerto colocado no site da revista francesa é já bem sumarento: “Tive a confirmação de que o endurance é uma disciplina que não é estruturada, que vive apenas de uma prova. Esta situação não pode durar. Devia-se poder usar o mesmo orçamento distribuído por várias corridas, ou seja, por um campeonato”.
Uma das coisas que Quesnel sente falta é a regularidade competitiva de um campeonato, como o próprio confirma: “Após Le Mans, falta o stress da competição. Quando comparo com o que vivo nos Ralis, isso não é normal. Pondo à parte as 24 Horas, o endurance é uma casca vazia. Em vez de fazer testes para nos prepararmos, seria bem melhor rolar frente ao público numa competição com direito a um título. Se esse botão [ndr.: organização] for pressionado, certamente desencadeará um fenómeno capaz de fazer interessar cinco, seis ou sete construtores”. Sabe-se que o ACO tem reunido regularmente com diversos construtores, e Quesnel certamente sabe do que fala, e de facto tem saltado à vista uma evidente desorganização no mundo do endurance. Basta ver que apesar de várias equipas já terem começado a desenvolver trabalho para 2010, a LMEO ainda nem sequer publicou um calendário fixo para essa temporada e algumas das alterações regulamentares previstas ainda não estão devidamente esclarecidas.
No entanto, para o Director da Peugeot, o endurance encerra em si a chave para o sucesso, embora insista na questão da organização como meio indispensável para lá chegar; “Actualmente vemos os construtores a largar a F1 e que as novas tecnologias são desenvolvidas para responder a problemas ambientais. No imaginário do grande público, Le Mans serve para validar este tipo de tecnologias. O endurance é uma mina de ouro e tem aí um trunfo a jogar nos próximos anos, mas é necessário organização”;
Sendo evidente que o que falta neste mesmo neste momento, no endurance, é organização, a começar pelo Le Mans Series, como já vimos, a questão, para Quesnel, não fica por aí. Indispensável, não só para os grandes construtores mas também para as equipas privadas, pequenas ou grandes, é o factor TV bem como a promoção dos próprios eventos. Questionado sobre a ausência da Peugeot do LMS, Quesnel, sem apontar razões directas, lança no entanto algumas questões que dão algumas pistas: “Se bem compreendi, e acredito ser a vontade do seu promotor, trata-se de uma competição que tem uma grande margem de crescimento. Mas penso que são necessárias algumas decisões que a curto prazo poderão ser duras, mas que, a médio prazo, serão largamente compensadoras. Inevitavelmente, vai ser necessário investir quer seja na promoção quer nos circuitos, no calendário ou na cobertura televisiva. Este ano, a Peugeot esteve apenas em Spa, mas foi o suficiente para ver o evento sobreposto com a realização de um Grande Prémio de F1 [ndr.: O GP de Espanha decorreu no mesmo dia que os 1000Km de Spa] – isso é logo um problema”.
Para além da questão da organização e da promoção, Quesnel vai ainda mais longe e põe em causa o próprio conceito de corridas de endurance - que tradicionalmente mistura protótipos com GTs na mesma corrida - que, segundo afirma, encerra alguns problemas, sobretudo na Europa onde existem imensos gentlemen-drivers, sobretudo nas categorias GT: “Temos de partilhar a pista com um certo número de viaturas pilotadas por gente que não tem lugar numa disputa que se quer de alto nível, mesmo sendo próprio da endurance essa mistura entre protótipos e GTs. Em Petit Le Mans, os GT2, na sua grande maioria, eram pilotados por pilotos profissionais e tudo correu pelo melhor. O que constato, é que estranhamente e sem haver concertação, a Audi esteve em Sebring e nós também, Audi esteve em Petit Le Mans e nós também, a Peugeot esteve em Spa e a Audi não veio… tirem as conclusões que quiserem…”
O WSC em 1990. Uma imagem que ainda deixa muitas saudades...Em entrevista à revista francesa Auto Hebdo, Olivier Quesnel, Director da Peugeot Sport pôs o dedo na ferida em relação à saída da Peugeot do Le Mans Series – atitude que, afirma, é para manter – sendo bem claro na sua opinião sobre que rumo que deve tomar a endurance: “Façam um campeonato do mundo de resistência”.
Embora não conheçamos a entrevista na sua totalidade, já que esta só foi publicada na integra na edição impressa, o excerto colocado no site da revista francesa é já bem sumarento: “Tive a confirmação de que o endurance é uma disciplina que não é estruturada, que vive apenas de uma prova. Esta situação não pode durar. Devia-se poder usar o mesmo orçamento distribuído por várias corridas, ou seja, por um campeonato”.
Uma das coisas que Quesnel sente falta é a regularidade competitiva de um campeonato, como o próprio confirma: “Após Le Mans, falta o stress da competição. Quando comparo com o que vivo nos Ralis, isso não é normal. Pondo à parte as 24 Horas, o endurance é uma casca vazia. Em vez de fazer testes para nos prepararmos, seria bem melhor rolar frente ao público numa competição com direito a um título. Se esse botão [ndr.: organização] for pressionado, certamente desencadeará um fenómeno capaz de fazer interessar cinco, seis ou sete construtores”. Sabe-se que o ACO tem reunido regularmente com diversos construtores, e Quesnel certamente sabe do que fala, e de facto tem saltado à vista uma evidente desorganização no mundo do endurance. Basta ver que apesar de várias equipas já terem começado a desenvolver trabalho para 2010, a LMEO ainda nem sequer publicou um calendário fixo para essa temporada e algumas das alterações regulamentares previstas ainda não estão devidamente esclarecidas.
No entanto, para o Director da Peugeot, o endurance encerra em si a chave para o sucesso, embora insista na questão da organização como meio indispensável para lá chegar; “Actualmente vemos os construtores a largar a F1 e que as novas tecnologias são desenvolvidas para responder a problemas ambientais. No imaginário do grande público, Le Mans serve para validar este tipo de tecnologias. O endurance é uma mina de ouro e tem aí um trunfo a jogar nos próximos anos, mas é necessário organização”;
Sendo evidente que o que falta neste mesmo neste momento, no endurance, é organização, a começar pelo Le Mans Series, como já vimos, a questão, para Quesnel, não fica por aí. Indispensável, não só para os grandes construtores mas também para as equipas privadas, pequenas ou grandes, é o factor TV bem como a promoção dos próprios eventos. Questionado sobre a ausência da Peugeot do LMS, Quesnel, sem apontar razões directas, lança no entanto algumas questões que dão algumas pistas: “Se bem compreendi, e acredito ser a vontade do seu promotor, trata-se de uma competição que tem uma grande margem de crescimento. Mas penso que são necessárias algumas decisões que a curto prazo poderão ser duras, mas que, a médio prazo, serão largamente compensadoras. Inevitavelmente, vai ser necessário investir quer seja na promoção quer nos circuitos, no calendário ou na cobertura televisiva. Este ano, a Peugeot esteve apenas em Spa, mas foi o suficiente para ver o evento sobreposto com a realização de um Grande Prémio de F1 [ndr.: O GP de Espanha decorreu no mesmo dia que os 1000Km de Spa] – isso é logo um problema”.
Para além da questão da organização e da promoção, Quesnel vai ainda mais longe e põe em causa o próprio conceito de corridas de endurance - que tradicionalmente mistura protótipos com GTs na mesma corrida - que, segundo afirma, encerra alguns problemas, sobretudo na Europa onde existem imensos gentlemen-drivers, sobretudo nas categorias GT: “Temos de partilhar a pista com um certo número de viaturas pilotadas por gente que não tem lugar numa disputa que se quer de alto nível, mesmo sendo próprio da endurance essa mistura entre protótipos e GTs. Em Petit Le Mans, os GT2, na sua grande maioria, eram pilotados por pilotos profissionais e tudo correu pelo melhor. O que constato, é que estranhamente e sem haver concertação, a Audi esteve em Sebring e nós também, Audi esteve em Petit Le Mans e nós também, a Peugeot esteve em Spa e a Audi não veio… tirem as conclusões que quiserem…”
Por fim, pelo menos no excerto a que tivemos acesso, Quesnel dá a sua visão sobre o futuro da modalidade e aponta o que julga ser o caminho a seguir: “Para mim, endurance quer dizer corridas de pelo menos dez horas. Façam um campeonato do mundo de resistência e, de um só golpe, tudo se estruturará. Sob a égide da FIA ou da ACO, pouco importa, mas não pode ser um campeonato nivelado por baixo. É necessário uma competição mundial que passe pelas provas históricas e, em paralelo, por ’series’ de um nível mais continental que interessem às equipas que não têm os meios e/ou o desejo de se confrontarem com as equipas de fábrica.”
Por nós, assim seja – um campeonato europeu (LMS), outro norte-americano (ALMS), maisum asiático (AsLMS) e um mundial com as melhores provas de cada campeonato continental, reservado à classe principal, a LMP1 – mas deixem a FIA em paz, que ainda há quem não se tenha esquecido dos ‘acontecimentos’ de 1993…
Entrevista Auto Hebdo (em francês)
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